Com mais duas prefeituras, contratos da GTX em MS superam R$ 167,5 milhões

By Especial para O Jacaré

Ao invés de R$ 118,8 milhões, como noticiado na última quinta-feira (2) pelo site O Jacaré, a GTX Construtora e Serviços Ltda firmou contratos com nove prefeituras. A soma captada pela empreiteira saltou para R$ 167,5 milhões de dezembro de 2021 para cá, período de dois anos e quatro meses.

Nome da construtora em questão pipocou por duas vezes em investigações conduzidas pelo Ministério Público Estadual e pela Polícia Civil.

Uma delas, em 2018, a Pregão, operação do MPMS, que derrubou um esquema de fraude em licitações que envolvera a prefeitura de Dourados, segunda potência econômica de MS. Por influência dessa investigação, a GTX ficou fora das disputas, por meio de licitações, por obras públicas. A censura durou de 2018 até novembro de 2021, quando a Justiça concordou com o recurso dos empreiteiros.

Duas semanas atrás, a empresa construtora caiu, de novo, numa operação, a Jazida, desta vez tocada pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), braço da Polícia Civil.

Recaiu sobre a GTX, a suspeita de superfaturamento na obra de pavimentação efetuada em Bataguassu (distante 311 km de Campo Grande). Essa construção começou a ser feita em 2022 e nunca fora concluída, segundo a investigação.

O Dracco informou que a construtora recebeu mais de R$ 5 milhões da prefeitura. Ainda segunda a operação, o município contratou a empreiteira para a pavimentação da rodovia conhecida como Reta A1, em Porto XV e o superfaturamento apurado teria sido de R$ 728,5 mil.

Nota divulgada pelo Dracco no dia da operação Jazida sustentou que :“apesar de disposto no projeto executivo e orçamento da licitação, em completa afronta ao que se encontrava previsto, a empresa escavou e retirou volumes expressivos de terra em uma jazida irregular em uma propriedade privada, localizada próxima à obra”.

Ainda segundo o comunicado da polícia: “é possível visualizar a jazida irregular até mesmo por imagens de satélite, o que demonstra o volume de terra extraído do local. De acordo com a perícia realizada, foram extraídos cerca de 14.300m³. A terra deveria ter sido extraída de uma jazida regular, localizada na cidade de Bataguassu”.

A empresa

A GTX Construtora e Serviços Ltda., cuja sede fica em Campo Grande, conforme consta em seus registros tem um capital social que soma R$ 4,9 milhões. Seus donos, Ivan Felix de Lima, desde setembro de 2016 e Rodrigo Gomes Silva, que também virou sócio administrador em fevereiro de 2018.

A empreiteira lida com diversas atividades, “num ramo absolutamente abrangente”, conforme se apresenta, indo de pavimentação de estradas, serviços de drenagem a instalação de iluminação pública.

Ivan Felix Lima, um dos sócios, virou notícia em abril de 2018, seis anos atrás, período que a 43ª Promotoria de Justiça do Consumidor deflagrou uma operação para combater a chamada pirâmide financeira por meio de mineração de bitcoins, um tipo de moeda virtual também conhecida como criptmoeda.

O empresário do setor da construção civil e outras 15 pessoas ainda respondem processo judicial, que encontra-se na reta final. O suposto golpe teria afetado milhares de pessoas e o rombo, segundo cálculo do MPMS teria alcançado a cifra de R$ 300 milhões.

Ivan Felix, à época, negou participação na trama e chegou a sustentar a ideia de que ele seria um “investidor” e não “dono negócio”.

Ainda em 2018, o MPMS impôs a Pregão, operação que desarticulou um esquema de fraude em licitação promovida pela prefeitura de Dourados. Na ação, foram incluídos os nomes dos sócios da GTX, Ivan Felix de Lima e Rodrigo Gomes Silva.

Dali, outubro de 2018, até novembro de 2021, a empreiteira não pode participar de licitações por força judicial. No entanto, a justiça acatou recurso e a GTX retornou ao mercado público e pode concorrer por meio de licitações por obras tocadas por prefeituras. Quase sempre, a construtora vence.

Por meio de comunicados divulgados pelas prefeituras e publicados em diários oficiais, é possível calcular a soma de R$ 167,5 milhões que foram captados pela GTX de novembro de 2022 para cá, note:

•             Prefeitura de Ivinhema – R$ 56,4 milhões;

•             Prefeitura de Água Clara – R$ 25,9 milhões;

•             Prefeitura de Ladário – R$ 24,2 milhões;

•             Prefeitura de Nova Alvorada do Sul – R$ 8,1 milhões;

•             Prefeitura de Três Lagoas – R$ 42,2 milhões;

•             Prefeitura de Bataguassu – R$ 5 milhões;

•             Prefeitura de Deodápolis – R$ 1,5 milhão.

•             Prefeitura de São Gabriel do Oeste – R$ 1 milhão

•             Prefeitura de Maracaju – R$ 3,2 milhões.

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