O ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) perdeu pela 2ª vez na Capital com a derrota da ex-superintendente da Sudeco, Rose Modesto (União Brasil) e começa a ganhar fama de “pé frio”. Por outro lado, a senadora Tereza Cristina (PP) saiu mais forte, transformando-se cabo eleitoral de peso com a reeleição de Adriane Lopes (PP).
Azambuja teve o primeiro tombo na carreira política de sucesso após chegar ao Governo em 2014 com a derrota do pupilo, o deputado federal Beto Pereira (PSDB). Mesmo com a estrutura, um palanque de peso e o apoio Governo do Estado, o tucano ficou em 3º lugar e fora do segundo turno.
Frustrado com o desempenho, o PSDB decidiu ficar neutro no segundo turno. Contudo, as principais lideranças ficaram divididas entre Adriane e Rose. O governador Eduardo Riedel (PSDB) retribuiu o apoio de 2022 e subiu no palanque de Adriane.
Já Reinaldo Azambuja embarcou na campanha de Rose e colocou seus principais articuladores para trabalhar pela eleição da ex-aliada. Contudo, o ex-governador não levou sorte novamente e Rose acabou perdendo a disputa para a atual prefeita.
Os dois tombos devem acender o sinal de alerta na campanha de Reinaldo, que dá como favas contadas a eleição para o Senado em 2022. Nos meios políticos, a dúvida é apenas saber quem será o segundo senador a ser eleito com Azambuja.
Gigante
Por outro lado, a senadora Tereza Cristina saiu gigante do pleito. Ela bancou a campanha de Adriane desde o início, mesmo quando caciques políticos a classificavam como “fraquinha”, “sem musculatura” e “sem condições de vencer o pleito”.
Até Jair Bolsonaro (PL), cortejado por Adriane desde o final do ano passado, inclusive ao se debandar com a família para participar no chão das manifestações de apoio ao ex-presidente. Contudo, o capitão ignorou os apelos da prefeita de Campo Grande e anunciou apoio ao candidato do PSDB, inclusive com o envio de R$ 7 milhões para a campanha de Beto Pereira.
Tereza Cristina engoliu a traição e manteve a aposta em Adriane. Faltando 15 dias para o primeiro turno, ela ainda capengava nas pesquisas. Contudo, os recapeamentos de última hora e o lançamento de obras de pavimentação em vários bairros impulsionaram a candidatura da prefeita, que contou com parte dos bolsonaristas rebeldes com o apoio ao tucano.
Adriane passou para o segundo turno e Bolsonaro, meio envergonhado, admitiu o deslize e não titubeou em anunciar apoio à reeleição da atual prefeita. Ele gravou vídeos e a ex-primeira-dama veio à Capital para manifestar o apoio pessoalmente a Adriane.
Com o comando da prefeitura nas mãos, Tereza Cristina passa a ser peça fundamental no xadrez de 2026. Fortalecida, ela passa a ter condições de fazer o segundo nome na disputa do Senado, dependendo da conjuntura de enfrentar novamente Reinaldo Azambuja.
Marquinhos
Outra liderança enfraquecida com a derrota de Rose é o ex-prefeito Marquinhos Trad (PDT), que passou a campanha batendo pesado na ex-aliada. Adriane chegou à prefeitura graças ao pedetista, que a manteve como vice-prefeita.
Traído pela ex-aliada, que demitiu seus apadrinhados e passou a campanha atribuindo as desgraças da cidade ao ex-antecessor, como finanças descontroladas, folha secreta, pagamento de supersalários e falta de remédios nos postos de saúde.
A sorte do ex-prefeito é que foi eleito vereador e pode se transformar no calcanhar de Áquiles da ex-aliada no legislativo, onde poderá usar a tribuna para fazer oposição sem dó nem piedade para retribuir a “gratidão” paga na campanha.