O governo apresentou projeto apenas para motoristas de empresas como Uber e 99
por Leiliane Lopes
Nesta segunda-feira (4), durante o ato de assinatura do projeto de lei que propõe a regulamentação do transporte por aplicativo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que irá “encher o saco” até que o iFood aceite negociar com o governo a regulamentação do trabalho dos entregadores.
Lula enviou um recado direto para o CEO da empresa, Fabricio Bloisi, sem citá-lo nominalmente, dizendo que iria convencê-lo a sentar em uma mesa de reunião e fazer um grande acordo com o governo.
Natural de Salvador, Bloisi faz parte de um grupo de empresários, investidores e membros do governo que é coordenado pela Presidência da República, o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS).
Em outra parte do discurso, o petista foi ainda mais incisivo contra o CEO do iFood:
– Nós vamos encher tanto o saco que o Ifood vai ter que negociar para fazer aquilo que vocês fizeram junto ao transporte.
Lula cobrou que o senador Jaques Wagner (PT-BA), por ser conterrâneo do empresário, intervenha nessa conversa.
PROPOSTA PARA MOTORISTAS
O ato desta segunda foi para apresentar o projeto de lei do Ministério do Trabalho e Emprego que visa regulamentar o trabalho de motoristas de aplicativos como Uber e 99. O texto não trata sobre entregadores de empresas como o iFood.
O ministro da pasta, Luiz Marinho, também criticou o iFood. Segundo ele, a empresa envia muitos recados por meio de autoridades para discutir a regulamentação do setor, mas não discute o tema pessoalmente.
– Não adianta o iFood mandar recado… E olha que manda recado, viu, presidente… Nós conversamos o ano inteiro, mas o fato é que o iFood e as demais, Mercado Livre, enfim… que diziam que o padrão dessa negociação não cabe no seu modelo de negócio – disse o ministro do Trabalho.
E continuou:
– É preciso que as plataformas também cheguem no real e possam sentar para conversar. Mas precisam saber que é necessário estabelecer um padrão remuneratório, uma condição de cidadania, condição de vida digna aos trabalhadores.