Por Cristina Nunes
Moradores do bairro Jardim dos Cristhais, em Dourados, estão enfrentando transtornos devido à proximidade com a unidade da BRF, uma transnacional brasileira do ramo alimentício. A situação tem se agravado durante o período de colheita, quando a manutenção da limpeza das casas se torna uma tarefa quase impossível, segundo relatos dos residentes.
Conforme os moradores, a fuligem de milho invade as casas, causando uma série de problemas, entre eles de saúde.
Entre os mais afetados estão as crianças, que têm apresentado sintomas de alergias devido à inalação do pó das películas de milho jogado no bairro diariamente. “Tem sido um verdadeiro desafio manter a casa limpa e garantir a saúde das crianças”, comentou Caio César Menezes, um dos moradores prejudicados.
Caio e Nair Santana, dois dos residentes afetados, decidiram tomar medidas e denunciaram a situação ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS). A denúncia está em fase de andamento e os moradores esperam uma resposta efetiva das autoridades para resolver os problemas que estão enfrentando.
Além da fuligem, outro incômodo relatado pelos moradores é o forte odor que toma conta do bairro todo fim de tarde. “O cheiro é insuportável e tem piorado a qualidade de vida de todos nós”, afirma Caio. A proximidade com a empresa BRF, que realiza atividades intensas de processamento de alimentos, tem sido apontada como a principal causa desse odor.
Em resposta às denúncias, o Instituto de Meio Ambiente de Dourados (IMAM) informou que desde setembro de 2018 instaurou procedimentos administrativos para apurar denúncias relacionadas ao empreendimento.
Entre os problemas relatados estão o forte e intenso odor, a dispersão de partículas provenientes da semente do milho, a poeira do pátio e a emissão de ruídos.
Foram atendidas várias determinações do IMAM, incluindo a adoção de medidas de contenção de partículas do solo em suspensão (poeira) no pátio do estabelecimento, implantação de cortina arbórea no entorno das lagoas de tratamento como método para contenção de odores, monitoramento das emissões atmosféricas e a realização de estudos para identificar os impactos da emissão de odores. No entanto, ainda há dispersão de poeira no pátio da empresa, as medidas de contenção de odores se mostraram ineficientes e há relatos de películas de milho invadindo as casas.
O IMAM também destacou que existem pendências em relação a algumas determinações, como a implantação de cortina arbórea no entorno de todo o perímetro do empreendimento.
Até o momento, já foram lavrados quatro autos de infração contra a unidade, mas os problemas ambientais ainda persistem.
Conforme o Instituto, com o aumento do perímetro urbano de Dourados, a empresa BRF hoje está localizada entre bairros residenciais, tornando suas atividades incompatíveis com a área.
O Dourados News entrou em contato com a BRF e aguarda um posicionamento da empresa.