por Dourados News
Pela primeira vez Mato Grosso do Sul lança um material sobre saúde mental voltado à juventude indígena em três línguas: guarani, terena e kadiwéu. A ação é parte da Semana Estadual da Juventude, realizada pela Secretaria de Estado da Cidadania, por meio da Subsecretaria de Políticas Públicas para Juventude.
Com o tema “saúde mental da juventude sul-mato-grossense”, o objetivo da Semana é desenvolver e implementar estratégias abrangentes de promoção, prevenção e atendimento em saúde mental para os jovens sul-mato-grossenses, com idades entre 15 e 29 anos.
De hoje, até 30 de setembro, a Cidadania vai passar pelos municípios de Rio Brilhante, Dourados, Caarapó, Porto Murtinho, Aquidauana, Alcinópolis, Bataguassu e Campo Grande, levando capacitação, oficinas, palestras, rodas de conversas e atendimentos.
Especificamente entre os dias 9 e 13, a programação inclui o lançamento da cartilha transcultural nas línguas terena, guarani e kadiwéu nas comunidades indígenas de Dourados, Caarapó e Porto Murtinho.
De 20 a 30 de setembro, as ações vão focar também na acessibilidade, com o lançamento da cartilha de saúde mental em vídeo e audiodescrição. Ao todo, a Semana da Juventude vai focar nas escolas estaduais, municipais com recortes indígenas, recortes quilombolas, instituições que atendem pessoas com deficiências.
O projeto
A ação será acompanhada pelo MPI (Ministério dos Povos Indígenas) que vem a Mato Grosso do Sul conhecer as boas práticas da Cidadania durante a Semana da Juventude para replicar a iniciativa em outras comunidades indígenas do País.
A iniciativa visa mitigar os crescentes casos de suicídio, depressão, ansiedade e outros transtornos mentais, em resposta às lacunas identificadas nos recursos e informações disponíveis, bem como ao estigma social associado a essas condições.
Em Mato Grosso do Sul, ações pontuais já vêm ocorrendo desde o mês de julho, com o lançamento da consulta pública. No entanto, é próximo à Semana da Juventude, instituída pela Lei nº 3.748, de 25 de setembro de 2009), que o trabalho é realizado de forma mais abrangente com entregas que impactam a vida da população.
Para o jovem indígena Heliton Oliveira Cavanha, do povo kaiowá, nascido em Caarapó e residente da comunidade Jaguapiru, em Dourados, ter uma cartilha traduzida para a língua materna é uma conquista.
“A gente tem debatido várias vezes com as lideranças o tema de saúde mental, porque a gente tem perdido muitos jovens por conta desse problema. É muito importante ações como essa acontecer dentro do território, porque sempre acontecem na cidade, em outros locais, mas na comunidade indígena, principalmente a juventude indígena, fica meio de lado. Agora o Governo do Estado e a Secretaria da Cidadania têm olhado diretamente para comunidade e para juventude indígena, conseguimos até a tradução da cartilha nessas três línguas”, celebra Heliton, de 25 anos, que também é técnico na Subsecretaria de Políticas Públicas para Povos Originários, pasta ligada à SEC.
Subsecretário de Políticas Públicas para Juventude, Jessé Cruz, ressalta que além de estarem presentes nos municípios com oficinas e lançando a cartilha, todas as regiões de Mato Grosso do Sul estão sendo subsidiadas com materiais produzidos junto aos parceiros.
“Este projeto tem dois vieses importantes: nós, enquanto poder público e parceiros, desenvolvendo ações de referências, mas também pensamos em todos esses materiais e processos de capacitações para que, além disso, os municípios, as lideranças, tanto no âmbito educacional como da organização civil, possam multiplicar o projeto. Essa é a essência, para que não fique dependente da nossa ação especificamente, mas que eles possam ser subsidiados, capacitados e criar em seus respectivos territórios ambientes de espaços de acolhimento, de escuta, de atendimento e de encaminhamentos”, ressalta Jessé.